Monday, June 11, 2007
Quarta edição da exposição de arte dedicada à temática do Género/Poder/feminismo
desta feita na Casa da Cultura da Trofa - Santiago de Bougado
Tal como nas edições anteriores foram usados verbetes do 'Dicionário da Crítica Feminista' de Ana Luísa Amaral e Ana Gabriela Macedo (Afrontamento, 2005) para acompanhar os trabalhos das artistas.
4th edition of AMIW at Casa da Cultura da Trofa - Just as in the past editions, entries from 'Dicionário da Crítica Feminista' (Amaral and Macedo 2005) have been used to support the artists' work.
Translations attempts by Carla Cruz
Paula Tavares "Playground Love" (2005)
Verbete = Poder Feminista /Feminist Power
Suzanne van Rossenberg (2007)
Verbete = Ciberfeminismo / Cyberfeminism
July 18, 2005
“Listen to this,” you started one day, “I met an alien species yesterday.”
“Really?” I answered.
“Yes. She came up to me and introduced herself, when I was buying oranges at the market. She was very impressive with her brightly coloured thick skin that sparkled in the summer sun. She wore brown uniform clothes, and on her chest (I could not really detect if she had something we would call breasts) was a small metal brooch in the form of probably a star ship.”
“And she spoke Portuguese with you?”
“Yes, she did. She said she was just visiting, having a break from her busy job as an account manager. She found it remarkable that people were not noticing her.
I wasn’t either of course.”
“And then you went for a cup of coffee together, I imagine.”
“No, actually a cup of tea. The species of planet Plankton, where she was from, are well known for their traditional coffee, so she wanted to try a herbal tea.”
“Come on, Carla, stop wasting my time. This is really bad science fiction.”
“Yes, I am sorry. I wasn’t concentrating.”
18 de Julho, 2072
“Ouve isto!” Disseste um dia, “ontem conheci uma espécie extraterrestre.”
“A sério?” Respondi.
“Sim. Ela veio até mim e apresentou-se, quando eu comprava laranjas no mercado. Ela era muito impressionante com a sua pele espessa e de cor brilhante que reluzia ao sol. Usava um uniforme castanho e no peito (não pude detectar se ela tinha alguma coisa a que se pudesse chamar seios) um pequeno alfinete com a forma provável de uma nave espacial.”
“E falou em Inglês contigo?”
“Sim, falou. Disse que estava apenas de visita, numa pausa do seu agitado trabalho de Directora de Contas. Ela achou incrível que as pessoas não reparassem nela. Eu também não tinha reparado.”
“E depois vocês foram tomar um café juntas, imagino.”
“Não, na verdade uma chavena de chá. As espécies do planeta Plankton, de onde ela é originária, são bem conhecidas pelo seu tradicional café, por isso ela quis experimentar um chá de ervas.”
“Anda lá Suzanne, não me faças perder tempo. Isto é mesmo má ficção científica.”
“Sim, desculpa. Não estava concentrada.”
July 20, 2005
“But whom or what did you meet then?” I started two days later.
“It was of course a male species that approached me,” you continued.
“Really?”
“Well, Planktonians don’t have biological differences amongst each other. Physically everybody is the same, the creature explained to me. They have a difference between Alphas and Bètas and that could be comparable with the male/female division on earth. Genetically Bètas are better in taking care of people. And Alphas, like the creature was, are good leaders, explorers and researchers.”
“Seriously?”
“I am just repeating what it told me.”
“And do they acknowledge something like marriage?”
“It happens to be, that to create the perfect balance between two Planktonians, it is preferable that one is Alpha and the other Bèta. Plankton is a planet of great harmony it told me.”
“Okay, I understand. Do marriages between two Alphas or two Bètas ever happen?”
“It said, that everybody knew this attraction amongst Alphas and amongst Bètas was clearly a result of a brain deflection, though it seems they function normally in daily life. They allow it, because they don’t take it seriously.”
“Wow, this is the first alien species I hear about, that doesn’t protect the purity of their race.”
“Don’t be silly. Do you think they allow these homogeniae to reproduce themselves? Planktonians are not stupid. At a certain point in history —a long time ago— it was democratically decided that only Bètas could carry babies, since they were better in looking after children. After a while a clause called section 28 was added to this law and prohibited reproduction within homogenial relationships.”
20 de Julho, 2072
“Mas afinal, quem ou o que é que conheceste?” Comecei dois dias mais tarde.
“Era, é claro, uma espécie masculina, a que me abordou,” continuaste.
“A sério?”
“Bem, Planktonianas não têm diferenças biológicas entre eles. Fisicamente toda a gente é igual, a criatura explicou-me. Têm a diferença entre Alfas e Betas o que pode ser comparável à divisão terrestre de masculino/feminino. Geneticamente os Betas são melhores em tomar conta de pessoas. E os Alfas, tal como a criatura, são bons líderes, exploradores e investigadores.”
“É verdade?”
“Só estou a repetir o que me disseram.”
“E eles reconhecem alguma coisa semelhante ao casamento?”
“Acontece que para criar o equílibrio perfeito entre dois Planktonianas, é preferível que um seja Alfa e o outro seja Beta. Disse-me que Plankton é um planeta de grande harmonia.”
“Ok, compreendo. Acontece alguma vez casamentos entre dois Alfas ou dois Betas?”
“Disse, que toda a gente conhecia que esta atracção entre Alfas e entre Betas era claramente o resultado de uma deflecção cerebral, apesar de parecer funcionar perfeitamente na vida quotidiana. Permitem-nas porque não as levam a sério.”
“Uau, esta é a primeira espécie aliénigena de que ouço falar, que não proteje a pureza da sua raça.”
“Que tolice! Achas que permitem que esses homogeniae se reproduzam? Os Planktonianas não são estúpidos. Num dado momento na história —há muito tempo atrás— foi democraticamente decidido que apenas os Betas podiam ter bebés, já que eram melhores a tomar conta de crianças. Após algum tempo uma clausula chamada secção 28 foi adicionada a esta lei e proibiu a reprodução entre as relações homogeniais.”
July 23, 2005
“Could I ask you another thing about your encounter with this alien species,” I needed to ask after another few days.
“Of course,” you said, “what would you like to ask?”
“Well, if these homogeniae are not allowed to reproduce themselves, and they are not busy with taking care of children, then they have spare time, haven’t they?”
“What do you mean?”
“Well, they have a lot of time to think about their position in the Planktonian society, I mean how this position is constructed by society. Maybe something we would call emancipation?”
“I don’t know. However, the creature said that homogenial attraction amongst Planktonians seems to be happening more and more.”
“O.”
“And I believe it was exactly this why this researcher was here. It wanted to solve the question how a defect like this could increase, when they are fully in control of genetically and biologically purifying the process of reproduction.”
“Right.”
…
“Why do these homogeniae want to get married anyway?”
“Hey, you mentioned the word marriage, not me.”
23 de Julho, 2072
“Posso perguntar-te outra coisa acerca do teu encontro com essa espécie extraterrestre,” tive a necessidade de perguntar alguns dias depois.
“Claro,” disseste, “O que gostarias de peguntar?”
“Bom, se a esses homogeniae não é permitido reproduzirem-se, e não estão ocupados a tomar conta de crianças, têm tempo livre, não têm?”
“O que é que queres dizer?”
“Bom, têm muito tempo para pensarem na sua posição na sociedade Planktoniana, quero dizer, como essa posição é construída pela sociedade. Talvez qualquer coisa a que pudessemos chamar emancipação?”
“Não sei. Contudo, a criatura disse que a atracção homogenial entre Planktonianas parece existir cada vez mais.”
“Oh.”
“E acredito que foi exactamente por causa disso que este investigador esteve aqui. Queria resolver a questão de como um defeito assim pôde crescer, quando eles controlam totalmente a purificação genética e biológica do processo reprodutivo.”
“Certo.”
…
“Mas de qualquer forma, porque é que esses homogeniae querem casar?”
“Hei, tu é que mencionaste a palavra casamento, não eu.”
Miguel Bonneville "Paris" desenhos e vídeo / 'Paris' drawings and video
Verbete = Desvio e Falso Neutro / Deviation and False Neutral
Mónica Faria "Casas #1" (2005), "Casa #2" e "Casa #3"(2006) / "House#1" (2005), "House#2" and "House#3" (2006)
Christina Casnellie 'Cry Baby' Fanzine (2006)
Verbete = Género / Gender
André Alves "Citação de Inês Azevedo" (2007) / "Quotation by Inês Azevedo" (2006)
Verbetes = Estereótipo e Queer / Stereotype and Queer
ESTEREÓTIPO
"Definem estereótipos sexuais como um conjunto estruturado de crenças gerais acerca dos atributos de homens e mulheres, crenças que são partilhadas por um grupo de indivíduos. Os estereótipos passam então, a ser concebidos como categorias potencialmente neutras, actuando de forma semelhante a outras categorias cognitivas e, como tal, tendo a função de facilitar a categorização e a simplificação do ambiente social, numa tentativa de dar sentido e consistência a uma realidade complexa.
No contexto português, os estereótipos sexuais podem, então, ser definidos como ideologização de comportamentos e acções de grupo, sociais, homens e mulheres, que se traduzem numa representação subjectiva e socialmente partilhada de uma ordem de relações entre esses grupos.
O estereótipo de masculino parecem associar-se dimensões de instrumentalidade, dominância, dinamismo e autonomia; o estereótipo feminino é, por sua vez, associado à passividade, submissão, dependência e expressividade de emoções e de sentimentos para com os outros." (Amaral e Macedo, 2005)
Ana Pérez-Quiroga "Amo-te, Não te Amo" / "I Love You, I Love you Not"
Verbete = Contos de Fadas / Fairy Tales
FAIRY TALES
"The goal of the tale: teach a lesson of life and moulds the character of the listener. As a pedagogical content of the tale is directed to the younger generations, the protagonist is, almost always, a boy or a girl that as to face some challenges that are implicit in the transition to adult age.
The result of this division in the behaving of the characters of the tales leads that these become inhibiting to girls, encouraging them to passivity and apathy, instead of set off a balanced developing of their potentialities and personality." (Amaral and Macedo, 2005)
Ana Pérez-Quiroga "Amo-te, Não te Amo" pormenor / "I Love You, I Love you Not" detail
Nina Hoechtl: "By My Independent Friend Naima When She Was 5" (2007)
Verbetes = Imagem e Representação / Image and Representation
IMAGEM
"O termo imagem possui significados muito diversos, o que dificulta a sua definição: desde representação visual à copia e reflexo, de impressão visual a representação mental ou ideia, até ao conjunto de características atribuídas a uma pessoa ou categoria de pessoas.
A importância atribuída à aparência da mulher: sempre e, palco, sempre observada, sempre visível, «a mulher transforma-se a si própria em objecto visual: uma visão». Por outro lado, pela frequência com que o feminino aparece em todo o tipo de representações visuais, desde a publicidade à moda, passando pela arte, pela pornografia, etc." (Amaral e Macedo, 2005)
Ana Maria Carvalho "Diaries Book"
Verbete = Ciberfeminismo / Cyberfeminism
Dairies Book
Diaries Book Blog
CYBERFEMINISM
"«Between the NOT anymore and the Not yet », that leads us to rethink the concept of female body as a cultural construction and a interface, a boarder of heterogenic and non continuous energies, a surface where multiple codes are inscribed (race, class, sex, age, etc,) (Braidotti 2000) … characterizes women as nomadic beings that travel permanently in between languages and cultures, intervening and interacting always, invading boarders and dissolving models and patriarchal heritages.
Ciborgues, that is, «chimeras», hybrids beings, fractured identities..." (Amaral e Macedo, 2005)
Ana Maria Carvalho "Diaries Book"
No Jornal 'Notícias da Trofa'
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